quarta-feira, 22 de maio de 2013

Trabalho sobre o Filósofo Espinosa





Universidade Federal de São João Del- Rei



História da Filosofia Moderna I


Professor João Bosco


Baruch Espinosa e seus principais temas





Eric Tadeu Miguel








Espinosa e alguns de seus temas principais

  O seguinte texto tem como objetivo abordar de uma forma crítica o sistema monista/panteísta e imanentista de Baruch Espinosa partindo de temas como substância, atributos e modos, a expressão Deus sive Natura, a manifestação intelectual em relação ao criacionismo e ao dualismo cartesiano, a liberdade e a servidão, conhecimento, necessidade e liberdade, os três graus de conhecimento, livre arbítrio, paixões e ação, a representação sobre a subespécie aeternitatis, crítica ao antropomorfismo, as superstições, ao medo e a ignorância, a relação corpo e alma, alegria, desejos e paixões, a expressão do realismo homo sapiens demens, crítica a idéia de bem e mal, autoritarismo, Estado e religião, potência, felicidade, beatitude, e o sentido do amor intelectos dei, opensamento complexo e sua influência no pensamento coetâneo. Todos os temas citados, foram abordados na obra de Espinosa “ Etica mostrada a maneira dos geômetras e nos textos; Spinoza e o problema da liberdade escrito por Regina Schopke; O conhecimento do conhecimento: a filosofia de Baruch Espinosa e o pensamento complexo, de Humberto Mariotti; O conatus de Spinosa: auto conservação ou liberdade? Escrito por Rafael Rodrigues Pereira; Paixão, ação e liberdade em Espinosa, de Milena Chauí; As definições  de causa sui; substância e atributo na Ética de Benedictus de Spinoza, feito por Emmanuel Angelo da Rocha Fragoso, e a palestra proferida por Cláudio Ulpiano.
  O filósofo nasceu na Holanda(1632 – 1677), criando um sistema monista/ panteísta sendo crítico da religião. Para ele, Deus é o sistema que compõe a realidade, levando seu racionalismo ao absoluto, o Deus de Espinosa é um Deus racional, desta forma, valoriza a geometria escrevendo suas obras como se estivesse fazendo um cálculo.
Com a concepção de um Deus racionalista, acontece uma abertura para o nascimento das ciências particulares como a aritimética por exemplo, Deus passa a ser o problema relevante do racionalismo moderno, isso faz com que o Deus de Espinosa se diferencie do de Descartes por que, recorre-se a uma causa primeira para explicar a realidade e não partindo do homem para Deus, assim, Ele é um Deus criador no ponto de vista cartesiano, ao qual Espinosa é contra esta concepção de criacionismo que será esclarecida no decorrer do texto.
  O filósofo éum areligioso e muito profundo em seus questionamentos sendo o maior livre pensador existente. Ele era judeu mas, depois “libertou-se” justamente por causa da sua forma livre, singular e convicta de pensar.
  Espinosa inicia sua Ética partindo de Deus para o homem, que ao contrário de Descartes, parte do homem para Deus, assim, as definições de substância de ambos os filósofos tem uma certa divergência; para Espinosa Deus é uma única substância e para Descartes, Deus e todos os outros seres são compostos de substância, não obstante, o que reforça o argumento na concepção espinozista é de que, sendo Deus uma só substância, ela existe e é concebida em si, assim, não seria lógico dizer que o homem também é composto de substância por que, se assim o fosse, o homem conceberia a si próprio, como não foi-lhe atribuída tal capacidade, Deus é este ser que concebe-o e a todas as coisas.
“(...) Toda substância é necessariamente infinita” e “afora Deus, não pode ser dada nem concebida nenhuma outra substância”
B.Spinoza, Ética I, Proposição VIII, Proposição XIV
Significa que, nada existe fora da totalidade, pois ela é o próprio real, as coisas são em Deus, então o filósofo coloca que:
 “Por Deus entendo o ente absolutamente infinito, isto é, uma substância que consta de infinitos atributos, onde cada um dos quais exprime uma essência eterna e infinita”
 Definições V
Deus então é causa de si, desta forma, a essência envolve necessariamente a existência pois, quando se causa, ela já é. Com isso, a questão de um Deus criador cai por terra porque, segundo a colocação da autora Regina Schopkesobre o posicionamento de Espinosa, há um só Deus, pois, se é colocado que Ele criou o mundo do nada significa que, existe Deus e o nada, logo, Deus seria limitado por uma outra coisa  e se assim o fosse, Ele não seria um ser absoluto e onipotente. A Totalidade, este ser que é Deus, é um ser produtor, que se autoproduz, sendo Ele causa de si ou seja, “causa sui”, dessa forma, Deus é pura potência, logo, independente da sua vontade, Ele age de acordo com a sua natureza, que é a de se autoproduzir e ao fazê-lo, produz o mundo e as outras coisas; por causa dos fatores colocados acima, Deus não tem livre-arbítrio.
  Em relação a atributos, a autora do primeiro texto, deixa claro o significado segundo Espinosa, o que é e o que constitui essencialmente a substância, e no caso, conhece-se dois destes atributos infinitos; o pensamento e a extensão. Os atributos são afecções da substância ou seja, de Deus, que cada um deles de forma particular se mostra como é, isso seria a expressão da essência divina. Os modos são a expressão dos entes particulares da essência da substância, ou seja, o homem é um modo de Deus pelo fato de, assim como as outras coisas existentes, possui características particulares da essência divina, então a expressão ”Deus sive Natura” (Deus, isto é, a Natureza) significando no texto dois que este Deus é a própria Natureza e todas as coisas que nela estão, por isso se trata também de um pensamento naturalista.
  Tanto no primeiro artigo(Regina Schopke) quanto no segundo(Humberto Mariotti), a significação sobre Natureza Naturante e Natureza Naturada são as mesmas: a Natureza Naturante seria a substância e seus atributos, e a Natureza Naturada seria constituída pelos seus modos, estes que anteriormente foram explicitadas a sua significação.
  Para Espinosa, as coisas estão necessariamente relacionadas umas com as outras, com isso, ele critica o dualismo cartesiano que seria a separação de algumas coisas, nesse caso seria a separação do corpo e alma, porém na tese do filósofo holandês, não há dominação de um sobre o outro, tendo ambos a mesma importância. Na colocação feita por Regina Schopke, Espinosa conclúi que o que destrói o nosso corpo não pode existir nele e nem em Deus, enquanto ele tem idéia do nosso corpo, então seria pertinente perguntar: Se tudo que existe, existe em Deus, por que existem coisas que prejudicam o corpo sendo que, todas elas fazem parte da existência naquilo que é imanente?Em relação a alma, Espinosa coloca que ela é a idéia do corpo e de si própria, a mente é uma idéia, ou seja, idéia de seu corpo e dela mesma, com isso, alma e o corpo são singulares e eles se comunicam por que são impressões finitas originadas de Deus sendo dois atributos em estados iguais “compartilhando” efeitos de algum acontecimento; se algo acontece no corpo, reflete na alma e assim vice-versa.
  Em relação ao antropomorfismo, Espinosa se posiciona contra por que seria como se o homemquiesesse colocar Deus girando em torno dele, o filósofo também é contra o voluntarismo; Deus não castiga e nem perdoa, assim, o bem e o mal são criações humanas, por isso Baruch critica a questão dos dois, pois, a vontade de Deus já segue os meandros do conhecimento.
  Como visto anteriormente, Deus é causa suiou seja, causa de si mesmo e pode ser conhecida através da razão, o homem está incluído na Totalidade e é convidado a se colocar diante dela, o filósofo então frisa o pensamento complexo que será tratado mais adiante.
   Para Baruch existem três tipos de conhecimento: o sensível, o racional e o intuitivo. O primeiro é caracterizado pela imaginação e subjetividade, sendoeste inadequado, por que gera paixões á coisas externas e que escravizam. O segundo é o racional, abrangendo melhor as coisas não levando em conta o presente, o passado e o futuro, segundo o filósofo, o tempo é irreal, assim, a eternidade é ausência do tempo, tendo essa compreensão, o homem vê o mundo em termos de eternidade ou seja: vê o mundo como Deus vê que significa sub specieaeternitatis. O terceiro é o mais relevante de todos pelo fato de poder chegar a idéias adequadas, conhecendo suas causas, efeitos e ligações. O pensamento espinozista é reflexivo, levando a pessoa a uma auto-investigação que pensando o pensamento, consegue-se o conhecimento, o pensamento complexo seria então um diálogo entre a razão e as paixões, pensamento e sentimento com o objetivo de mudar nossa auto visão evisão do mundo, conhecendo a Totalidade, e as partes que a compõe e a interação entre elas.
  No artigo escrito por Rafael Rodrigues Pereira, o conatusé algo que já nasce dentro da pessoa, um instinto elevado, uma paixão pela existência buscando o auto aprimoramento. Com isso, quando eleposiciona-se em relação as paixões, Espinosa quer condenar as paixões que são contra o auto aprimoramento, como a tristeza por exemplo, assim, ele é a favor das paixões alegres, com contribuem para a perfeição do indivíduo, por isso a alegria é uma paixão que pode nos levar a este estado de perfeição
“Oconatus, portanto,parece remeter a um esforço de auto-conservação, ora de expansão e aprimoramento pessoal”...”a alegria como uma paixão pela qual passamos a uma perfeição maior...”
   Se o homem não fizer por onde buscar mais conhecimento, fica fadado a servidão. A liberdade está vinculada ao conhecimento. Sua própria existência é algo de criador, dar significado as coisas, o determinismo do homem é direcionado a fazer algo para conseguir alguma coisa. O finalismo, que é algo criticado pelo filósofo, é fruto da imaginação do homemou seja, o homem coloca Deus para trabalhar para ele, com essa posição o filósofo se mostra anti-cartesiano  por que aTotalidade não tem centro, o homem quer fazer as coisas girarem em torno de si, então o finalismo vai contra a determinação dos acontecimentos, este finalismo seria a ignorância das causas das coisas.
   Em primeiro lugar, tudo se entrelaça pela relação causal, em segundo lugar, o homem vive completamente no mundo da ilusão, achando que as coisas aconteçam de acordo com os desejos dele. Se não é colocado um relativismo no seu mundo, o homem se perde no meio das coisas, este quadro é construído, ou seja, pensa que aquele mundo é sólido, é um euconstruído com esforço que possa ser volátil para haver mudança  no quadro referencial; tudo é relativo, é permeável, flexível, e propenso a mudanças, é um eu junto com outros. Quanto mais o homem se adequa ao conatus, mais feliz ele é, sendo necessário aprofundar-se nos conhecimentos em geral. A idéia de milagre não é válida por que somos seres em Deus; o mundo é o que é, e não o que o homem quer que ele seja. Desta forma ele posiciona-se contra a superstição e a ignorância por que, quanto mais ignorância alguém tiver, mais ele será supersticioso podendo ser manipulado fácil mente por outra pessoa
  Em relação a  paixão e a ação, em partes, o homem é causa de sua sensações e desejos por causa das coisas exteriores a ele, sendo elas mais  fortes que seu interior,a ação  está relacionada a partir de alguma coisa sendo essa a concepção no século XVII, para ele, a alma é idéia do corpo  e ambas devem agir juntas no corpo.Estes formam alguns dos principais apontamentos colocados no artigode Marilena Chauí:
“(...) somos causa inadequada de nossos apetitese de nossos desejos... Sendo a alma idéia de seu corpo e idéia de si... será passiva juntamente com seu corpo, e ativa juntamente com ele.”
Paixão, ação e liberdade em Spinoza, p 4 e 5
Com isso autora do artigo deixa clara a união de paixão e ação por Espinosa, e a igualdade entre elas, algo que antes era impossível de acontecer por causa do pensamento fechado dos que antecederam o filósofo.
 Seu pensamento complexo tem influência muito forte sobre o pensamento contemporâneo, por que se o homem não tiver uma mente suficientemente aberta para dialogar consigo, ver a si próprio e de certa forma, encarar o mundo como ele é, não dará abertura ao conhecimento afinal, é muito importante na contemporâneidade, através do conhecimento é possível o homem se aproximar de Deus, tanto que Espinosa frisa a questão de se fazer ciência, descobrir as coisas que estão na Totalidade; o homem trabalha para isso usando a sua razão e fazendo-o de forma adequada, ele possui mais conhecimento, quanto mais conhecimento ele tiver mais próximo ele estará de Deus.
  Este texto não tem a pretensão de resumirpontos pricipais de sua obra, somente observá-los e fazer-nos pensar em sua postura imanetista e mesmo sabendo da complexidade dos assuntos que foram apontados, cada autor a sua maneira, coloca de forma singular a posição racionalista de Espinosa e algins pontos que acharam relevantes mas acima de tudo; é um filósofo que realmente presa pela alegria de viver, nas paixões que contribuem para o auto aprimoramento, mostrando através dos argumentos defendidos pelos autores dos artigos que é possível ser livre, feliz e esclarecido sem depender de superstições, tudo isto através do conhecimento e valorização das coisas dentro da imanência divina.

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